segunda-feira, 2 de maio de 2011

A vitória de Cristo

A vitória do Ressuscitado segundo Mateus (28,1-10)


1Depois do sábado, ao raiar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. 2De repente, houve um grande terremoto: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se nela. 3Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes, brancas como a neve. 4Os guardas ficaram com tanto medo do anjo que tremeram e ficaram como mortos.
5Então o anjo falou às mulheres: “Vós não precisais ter medo! Sei que rocurais Jesus, que foi crucificado. 6Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava. 7Ide depressa contar aos discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis’. É o que tenho a vos dizer”.
8E saindo às pressas do túmulo, com sentimentos de temor e de grande alegria, correram para dar a notícia aos discípulos. 9Nisso, o próprio Jesus veio-lhes ao encontro e disse: “Alegrai-vos!” Elas se aproximaram e abraçaram seus pés, em adoração. 10Jesus lhes disse: “Não tenhais medo; ide anunciar a meus irmãos que vão para a Galileia. Lá me verão”.

Eis, meu Leitor: estamos depois do sábado! Passou o sábado da antiga criação, passou o sábado da antiga aliança, passou o sábado dos judeus!
Estamos agora num tempo novo, “ao raiar do primeiro dia” depois do sábado, primeiro dia de um mundo novo, de um tempo novo, de uma aliança nova, selada no Novo Adão! Mas, Maria Madalena e Maria de Alfeu ainda não sabem. Vão ao túmulo logo cedo: “foram ver o sepulcro”... Não puderam fazê-lo no sábado dos judeus para não o violarem com uma caminhada maior que a prática judaica permitia... Vão porque amam, vão porque têm saudades do Mestre, vão porque não conseguem esquecê-lo. Segundo Marcos ( cf. Mc 16,1) e os outros evangelistas, elas teriam ido embalsamar o corpo de Jesus. Não é provável: primeiro, fazia somente um dia que o Senhor tinha sido sepultado; não se deveria mexer no seu cadáver... Depois, a guarda montada pelo Sinédrio não permitiria. Além do mais, essas mulheres não poderiam rolar a pedra do sepulcro... Penso que é preciso dar razão a Mateus: as mulheres foram simplesmente visitar o túmulo. E, então, o Anjo do Senhor abre o túmulo de modo miraculoso. Observe, meu Leitor, que o Anjo não somente abre o túmulo – e não para que Jesus saia (ele já ressuscitara de madrugada!), mas para que as mulheres possam entrar e ver a visão mais impressionante, mais feliz, mais surpreendente de toda a história humana: o túmulo estava vazio -; o Anjo também provoca terror na guarda sinedrita, que fica totalmente paralisada! Note que o Anjo tem aspecto divino, sobre-humano, indescritível. Mateus o compara a um relâmpago! Algo que não se pode de modo algum imaginar!
E, então, a fala desse Mensageiro celeste: “Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou como havia dito!” Meu caro Leitor, tente imaginar o efeito destas palavras naquelas mulheres: surpresa, espanto, vertigem! De repente a tristeza mais triste torna-se total alegria, exultação, certeza, luz! Pense em uma realidade inesperada, chegada de repente, dessas que subverte tudo, que muda a maior escuridão, de repente, sem gradualidade, na luz mais esfuziante, na luminosidade mais intensa! “Ele, o crucificado, o homem de dores, aquele que vistes macerado, feito cadáver, não está aqui! Não, não! Não roubaram o cadáver, não foi levado pelos insensíveis sinedritas: ele ressuscitou! Compreendei: ele venceu a morte, ele é o Vivente para sempre! Ele está vivo! Melhor: ele é a Vida, a fonte da Vida, o Vivificador! Como ele tinha dito, assim se fez!” Tente, Leitor, tente imaginar: a certeza mais certa de que Jesus era realmente o Messias de Israel, de que Jesus era o enviado de Deus, de que realmente as promessas divinas nele se cumpriram. Para um judeu a ressurreição somente aconteceria no Último Dia, no Dia do Senhor, no Terceiro Dia, conforme a profecia de Oséias (cf. Os 6,2). Pois agora, com a ressurreição, chegara o Último Dia, chegara o Dia do Senhor, o Terceiro Dia: “Em dois dias ele nos dará nova vida, no terceiro dia ele nos ressuscita e poderemos viver na sua presença!” Meu caro Leitor, que ninguém procure mais Jesus entre os mortos, num túmulo: “Por que procurais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou!” (Lc 24,5). Estas palavras bem que poderiam ser repetidas para tantos doutores, que procuram Jesus entre os mortos da história, entre os personagens do passado, entre as leis deste mundo! Nunca haverão de encontrá-lo, de vê-lo, de compreendê-lo! Simplesmente, não está aí! Ressuscitou! – E o Anjo convida as mulheres a verem pessoalmente, com seus próprios olhos, a pedra onde colocaram seu corpo... Agora está vazia!
Depois a ordem, a missão: “Ide depressa! Não há tempo a perder! Ide contar aos discípulos: Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis!” E lá vão as mulheres, alegres e medrosas ao mesmo tempo, diante de notícia tão misteriosa, de fato cujas consequências elas sequer podem imaginar! Correm para cumprir a missão, para dar a notícia que nunca ficara velha aos discípulos. E, então, outra surpresa, outro susto alegre, feliz, inacreditável: “O próprio Jesus veio ter com elas: Alegrai-vos! Elas se aproximaram e abraçaram seus pés, em adoração!” Não podemos imaginar o que se sentiu ali, o que se passou nessa ocasião!
Mas, Jesus nunca vem ao encontro dos seus por nada; sempre traz-lhes um missão: “Ide anunciar aos meus irmãos que vão para a Galileia. Lá me verão!” “Meus irmãos!” – Jesus nunca chamara assim os discípulos! Mas, agora, depois, da agonia, da dor, da cruz, da morte, do sangue derramado... “Meus irmãos!” É isto que nós somos, porque recebemos o mesmo Espírito que ele recebeu do Pai na ressurreição!
E depois, a ordem de irem a Galileia... Recorde, meu Leitor: a cena se passa em Jerusalém, centro do antigo Povo de Deus, centro da vida religiosa judaica, Cidade da Antiga Aliança. Ali estava o Templo, ali se celebravam as grandes festas judaicas, para lá os judeus peregrinavam e Jesus tantas vezes peregrinou. Para Jerusalém Jesus dirigiu-se para cumprir seu destino e selar sua missão “pois não é possível que um Profeta pereça fora de Jerusalém”(Lc 13,33). E lá, em Jerusalém, ele foi o Cordeiro imolado, entregue pelos pecados nossos e do mundo inteiro.
Mas, agora, depois de ter consumado a sua obra, depois de ter instaurado com sua morte e ressurreição a Nova e Eterna Aliança, Jerusalém, a da terra, está definitivamente superada. Lá, no âmbito do judaísmo, do Templo, da sinagoga, já não se poderá mais encontrar Jesus; ele não mais está lá, não mais no judaísmo! Não haverá Messias para os judeus, a não ser quando o Senhor nosso se manifestar no final dos tempos, "pois eu vo-lo digo, doravante não me vereis mais, até que digais: Bendito seja em nome do Senhor aquele que vem ” (Mt, 23,39).
“Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam à Galileia; lá eles me verão!” Na Galileia: é lá que o Senhor espera os seus discípulos! Bem longe de Jerusalém. Surpreendente! Primeiro, o Senhor manda que seus discípulos se dirijam para lá. Por quê? A Galileia é região mista, dos judeus vivendo misturados com os pagãos. Mateus, citando Isaías, chama-a “Galileia das Nações” (cf. 4,15). Antes, Jesus proibia que seus discípulos se dirigissem aos pagãos; deveriam primeiro ir à Casa de Israel (cf. Mt 10,6). Agora, ressuscitado, ele ordena aos seus discípulos, à sua Igreja, que se dirijam aos pagão, à Galileia das Nações, se quiserem encontrá-lo! Lá, na Galileia, no mundão afora, ele nos precede, ele nos espera, ele se deixa encontrar, deixa-se ver! Lá, na Galileia, ele nos diz sempre: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue! Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem meus discípulos... E eu estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!” (Mt 28,18ss)
Hoje, quando alguns teólogos sabichões e alguns pastores medrosos, de mentalidade mais fascinada pela ideologia dominante que pelas palavras de Jesus, têm medo de anunciar o Evangelho, de chamar as pessoas, os povos, o mundo à conversão, quando muitos cristãos, esquecidos do Evangelho, insinuam que todas as religiões são boas, são reveladas e levam a Deus, a palavra do Senhor aparece com toda a sua força revolucionária. “Eu vos espero na Galileia do mundo. Não para serdes mundanos, não para tomar os modos do mundo, mas para anunciar o meu Nome, para levar a salvação que somente em mim pode ser alcançada. Não tenhais medo! Tende coragem: anunciando o meu nome, ver-me-eis, encontrar-me-eis, experimentareis que eu estou vivo! Não temais! Não penseis em sucesso, não façais cálculos humanos, não domestiqueis o meu Evangelho à medida do mundo, não façais concessões! Amai como eu amei, abraçai a cruz como eu abracei, tende paciência como eu tive, suportai como eu suportei, sofrei como eu sofri, servi como eu servi! Crede em mim, esperai em mim, confiai em mim! Vós havereis de experimentar: Eu estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!"

 



Escrito por Dom Henrique às 23h05

quinta-feira, 21 de abril de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lenten Reflection 7 (Holy Week): Why this Week is Different

Pope's Palm Sunday Homily


Dear Brothers and Sisters,
Dear young people!
It is a moving experience each year on Palm Sunday as we go up the mountain with Jesus, towards the Temple, accompanying him on his ascent. On this day, throughout the world and across the centuries, young people and people of every age acclaim him, crying out: "Hosanna to the Son of David! Blessed is he who comes in the name of the Lord!"
But what are we really doing when we join this procession as part of the throng which went up with Jesus to Jerusalem and hailed him as King of Israel? Is this anything more than a ritual, a quaint custom? Does it have anything to do with the reality of our life and our world? To answer this, we must first be clear about what Jesus himself wished to do and actually did. After Peter's confession of faith in Caesarea Philippi, in the northernmost part of the Holy Land, Jesus set out as a pilgrim towards Jerusalem for the feast of Passover. He was journeying towards the Temple in the Holy City, towards that place which for Israel ensured in a particular way God's closeness to his people. He was making his way towards the common feast of Passover, the memorial of Israel's liberation from Egypt and the sign of its hope of definitive liberation. He knew that what awaited him was a new Passover and that he himself would take the place of the sacrificial lambs by offering himself on the cross. He knew that in the mysterious gifts of bread and wine he would give himself for ever to his own, and that he would open to them the door to a new path of liberation, to fellowship with the living God. He was making his way to the heights of the Cross, to the moment of self-giving love. The ultimate goal of his pilgrimage was the heights of God himself; to those heights he wanted to lift every human being.
                                                                                
Our procession today is meant, then, to be an image of something deeper, to reflect the fact that, together with Jesus, we are setting out on pilgrimage along the high road that leads to the living God. This is the ascent that matters. This is the journey which Jesus invites us to make. But how can we keep pace with this ascent? Isn't it beyond our ability? Certainly, it is beyond our own possibilities. From the beginning men and women have been filled - and this is as true today as ever - with a desire to "be like God", to attain the heights of God by their own powers. All the inventions of the human spirit are ultimately an effort to gain wings so as to rise to the heights of Being and to become independent, completely free, as God is free. Mankind has managed to accomplish so many things: we can fly! We can see, hear and speak to one another from the farthest ends of the earth. And yet the force of gravity which draws us down is powerful. With the increase of our abilities there has been an increase not only of good. Our possibilities for evil have increased and appear like menacing storms above history. Our limitations have also remained: we need but think of the disasters which have caused so much suffering for humanity in recent months.
The Fathers of the Church maintained that human beings stand at the point of intersection between two gravitational fields. First, there is the force of gravity which pulls us down - towards selfishness, falsehood and evil; the gravity which diminishes us and distances us from the heights of God. On the other hand there is the gravitational force of God's love: the fact that we are loved by God and respond in love attracts us upwards. Man finds himself betwixt this twofold gravitational force; everything depends on our escaping the gravitational field of evil and becoming free to be attracted completely by the gravitational force of God, which makes us authentic, elevates us and grants us true freedom.
Following the Liturgy of the Word, at the beginning of the Eucharistic Prayer where the Lord comes into our midst, the Church invites us to lift up our hearts: "Sursum corda!" In the language of the Bible and the thinking of the Fathers, the heart is the centre of man, where understanding, will and feeling, body and soul, all come together. The centre where spirit becomes body and body becomes spirit, where will, feeling and understanding become one in the knowledge and love of God. This is the "heart" which must be lifted up. But to repeat: of ourselves, we are too weak to lift up our hearts to the heights of God. We cannot do it. The very pride of thinking that we are able to do it on our own drags us down and estranges us from God. God himself must draw us up, and this is what Christ began to do on the cross. He descended to the depths of our human existence in order to draw us up to himself, to the living God. He humbled himself, as today's second reading says. Only in this way could our pride be vanquished: God's humility is the extreme form of his love, and this humble love draws us upwards.
Psalm 24, which the Church proposes as the "song of ascent" to accompany our procession in today's liturgy, indicates some concrete elements which are part of our ascent and without which we cannot be lifted upwards: clean hands, a pure heart, the rejection of falsehood, the quest for God's face. The great achievements of technology are liberating and contribute to the progress of mankind only if they are joined to these attitudes - if our hands become clean and our hearts pure, if we seek truth, if we seek God and let ourselves be touched and challenged by his love. All these means of "ascent" are effective only if we humbly acknowledge that we need to be lifted up; if we abandon the pride of wanting to become God. We need God: he draws us upwards; letting ourselves be upheld by his hands - by faith, in other words - sets us aright and gives us the inner strength that raises us on high. We need the humility of a faith which seeks the face of God and trusts in the truth of his love.
The question of how man can attain the heights, becoming completely himself and completely like God, has always engaged mankind. It was passionately disputed by the Platonic philosophers of the third and fourth centuries. For them, the central issue was finding the means of purification which could free man from the heavy load weighing him down and thus enable him to ascend to the heights of his true being, to the heights of divinity. Saint Augustine, in his search for the right path, long sought guidance from those philosophies. But in the end he had to acknowledge that their answers were insufficient, their methods would not truly lead him to God. To those philosophers he said: recognize that human power and all these purifications are not enough to bring man in truth to the heights of the divine, to his own heights. And he added that he should have despaired of himself and human existence had he not found the One who accomplishes what we of ourselves cannot accomplish; the One who raises us up to the heights of God in spite of our wretchedness: Jesus Christ who from God came down to us and, in his crucified love, takes us by the hand and lifts us on high.
We are on pilgrimage with the Lord to the heights. We are striving for pure hearts and clean hands, we are seeking truth, we are seeking the face of God. Let us show the Lord that we desire to be righteous, and let us ask him: Draw us upwards! Make us pure! Grant that the words which we sang in the processional psalm may also hold true for us; grant that we may be part of the generation which seeks God, "which seeks your face, O God of Jacob" (cf. Ps 24:6). Amen.

Homilia do Papa na Missa de Ramos

                                                   
Amados irmãos e irmãs,
Queridos jovens!
A mesma emoção se apodera de nós em cada ano, no Domingo de Ramos, quando subimos na companhia de Jesus o monte para o santuário, quando O acompanhamos pelo caminho que leva para o alto. Neste dia, ao longo dos séculos por toda a face da terra, jovens e pessoas de todas a idades aclamam-n’O gritando: «Hossana ao Filho de David! Bendito o que vem em nome do Senhor!».
Mas, quando nos integramos em tal procissão – na multidão daqueles que subiam com Jesus a Jerusalém e O aclamavam como rei de Israel –, verdadeiramente o que é que fazemos? É algo mais do que uma cerimónia, do que um louvável costume? Porventura terá a ver com a verdadeira realidade da nossa vida, do nosso mundo? Para encontrar a resposta, temos antes de mais nada de esclarecer o que é que o próprio Jesus realmente quis e fez. Depois da profissão de fé que Pedro fizera em Cesareia de Filipe, no extremo norte da Terra Santa, Jesus encaminhara-Se como peregrino na direcção de Jerusalém para as festividades da Páscoa. Caminha para o templo na Cidade Santa, para aquele lugar que, de modo particular, garantia a Israel que Deus estava próximo do seu povo. Caminha para a festa comunitária da Páscoa, memorial da libertação do Egipto e sinal da esperança na libertação definitiva. Jesus sabe que O espera uma Páscoa nova, e que Ele mesmo tomará o lugar dos cordeiros imolados, oferecendo-Se a Si mesmo na Cruz. Sabe que, nos dons misteriosos do pão e do vinho, dar-Se-á para sempre aos seus, abrir-lhes-á a porta para um novo caminho de libertação, para a comunhão com o Deus vivo. Ele caminha para a altura da Cruz, para o momento do amor que se dá. O termo último da sua peregrinação é a altura do próprio Deus, até à qual Ele quer elevar o ser humano.
Assim, a nossa procissão de hoje quer ser imagem de algo mais profundo, imagem do facto que nos encaminhamos em peregrinação, juntamente com Jesus, pelo caminho alto que leva ao Deus vivo. É desta subida que se trata: tal é o caminho, a que Jesus nos convida. Mas, nesta subida, como podemos andar no mesmo passo que Ele? Porventura não ultrapassa as nossas forças? Sim, está acima das nossas próprias possibilidades. Desde sempre – e hoje ainda mais – os homens nutriram o desejo de «ser como Deus»; de alcançar, eles mesmos, a altura de Deus. Em todas as invenções do espírito humano, em última análise, procura-se conseguir asas para poder elevar-se à altura do Ser divino, para se tornar independentes, totalmente livres, como o é Deus. A humanidade pôde realizar tantas coisas: somos capazes de voar; podemos ver-nos uns aos outros, ouvir e falar entre nós dum extremo do mundo para o outro. E todavia a força de gravidade que nos puxa para baixo é poderosa. A par das nossas capacidades, não cresceu apenas o bem; cresceram também as possibilidades do mal, que se levantam como tempestades ameaçadoras sobre a história. E perduram também os nossos limites: basta pensar nas catástrofes que, nestes meses, afligiram e continuam a afligir a humanidade.
Os Padres disseram que o homem está colocado no ponto de intersecção de dois campos de gravidade. Temos, por um lado, a força de gravidade que puxa para baixo: para o egoísmo, para a mentira e para o mal; a gravidade que nos rebaixa e afasta da altura de Deus. Por outro lado, há a força de gravidade do amor de Deus: sabermo-nos amados por Deus e a resposta do nosso amor puxam-nos para o alto. O homem encontra-se no meio desta dupla força de gravidade, e tudo depende de conseguir livrar-se do campo de gravidade do mal e ficar livre para se deixar atrair totalmente pela força de gravidade de Deus, que nos torna verdadeiros, nos eleva, nos dá a verdadeira liberdade.
Depois da Liturgia da Palavra e logo no início da Oração Eucarística, durante a qual o Senhor entra no meio de nós, a Igreja dirige-nos este convite: «Sursum corda – corações ao alto!». O coração, segundo a concepção bíblica e na visão dos Padres, é aquele centro do homem onde se unem o intelecto, a vontade e o sentimento, o corpo e a alma; é aquele centro, onde o espírito se torna corpo e o corpo se torna espírito, onde vontade, sentimento e intelecto se unem no conhecimento de Deus e no amor a Ele. Este «coração» deve ser elevado. Mas, também aqui, sozinhos somos demasiado frágeis para elevar o nosso coração até à altura de Deus; não somos capazes disso. É precisamente a soberba de o podermos fazer sozinhos que nos puxa para baixo e afasta de Deus. O próprio Deus tem de puxar-nos para o alto; e foi isto que Cristo começou a fazer na Cruz. Desceu até à humilhação extrema da existência humana, a fim de nos puxar para o alto rumo a Ele, rumo ao Deus vivo. Jesus humilhou-Se: diz hoje a segunda leitura. Só assim podia ser superada a nossa soberba: a humildade de Deus é a forma extrema do seu amor, e este amor humilde atrai para o alto.
O salmo processional 24, que a Igreja nos propõe como «cântico de subida» para a liturgia de hoje, indica alguns elementos concretos, que pertencem à nossa subida e sem os quais não podemos ser elevados para o alto: as mãos inocentes, o coração puro, a rejeição da mentira, a procura do rosto de Deus. As grandes conquistas da técnica só nos tornam livres e são elementos de progresso da humanidade, se forem acompanhadas por estas atitudes: se as nossas mãos se tornarem inocentes e o coração puro, se permanecermos à procura da verdade, à procura do próprio Deus e nos deixarmos tocar e interpelar pelo seu amor. Mas todos estes elementos da subida só serão úteis, se reconhecermos com humildade que devemos ser puxados para o alto, se abandonarmos a soberba de querermos, nós mesmos, fazer-nos Deus. Temos necessidade d’Ele: Deus puxa-nos para o alto; permanecer apoiados pelas suas mãos – isto é, na fé – dá-nos a orientação justa e a força interior que nos eleva para o alto. Temos necessidade da humildade da fé, que procura o rosto de Deus e se entrega à verdade do seu amor.
A questão de saber como pode o homem chegar ao alto, tornar-se plenamente ele próprio e verdadeiramente semelhante a Deus, desde sempre ocupou a humanidade. Foi objecto de apaixonada discussão pelos filósofos platónicos dos séculos terceiro e quarto. A sua pergunta central era esta: como encontrar meios de purificação, pelos quais o homem pudesse libertar-se do gravoso peso que o puxa para baixo e elevar-se à altura do seu verdadeiro ser, à altura da divindade. Santo Agostinho, na sua busca do recto caminho, durante um certo período procurou apoio em tais filosofias. Mas, no fim, teve de reconhecer que a sua resposta não era suficiente, que ele, com tais métodos, não chegaria verdadeiramente a Deus. Disse aos seus representantes: Reconhecei, pois, que não basta a força do homem e de todas as suas purificações para o levar verdadeiramente à altura do divino, à altura que lhe é condigna. E disse que teria desesperado de si mesmo e da existência humana, se não tivesse encontrado Aquele que faz o que nós mesmos não podemos fazer, Aquele que nos eleva à altura de Deus, apesar da nossa miséria: Jesus Cristo, que desceu de junto de Deus até nós e, no seu amor crucificado, nos toma pela mão e nos conduz ao alto.
Com o Senhor, caminhamos, peregrinos, para o alto. Andamos à procura do coração puro e das mãos inocentes, andamos à procura da verdade, procuramos o rosto de Deus. Manifestamos ao Senhor o desejo de nos tornar justos e pedimos-Lhe: Atraí-nos, Vós, para o alto! Tornai-nos puros! Fazei que se cumpra em nós a palavra do salmo processional que cantamos, ou seja, que possamos pertencer à geração dos que procuram Deus, «que procuram a face do Deus de Jacob» (Sal 24/23, 6). Amém.

domingo, 3 de abril de 2011

( TRIDUUM PASCALE ) PÅ ÅSEBAKKEN

         
                             April 2011
     PÅSKEHØJTIDEN  (Pr. Finn Arvé)
              ( TRIDUUM PASCALE ) PÅ ÅSEBAKKEN

21   Skærtorsdag aften.              17:00
22   Langfredag                         15:00  
       KORSETS TILBEDELSE
23   PÅSKELØRDAG 
       AFTEN (PÅSKEVIGILIE)            20:00
24   PÅSKEDAG                               9:00
HERRENS OPSTANDELSE         
Vor Frue Kloster ÅSEBAKKEN  Høsterkøbvej 3 Birkerød  4581 0698

sábado, 2 de abril de 2011

Reflections from Fr. Tom Rosica

Fourth Sunday of Lent. Monday laetare of joy.

C Ariss brothers
O IV Domingo da Quaresma, designa-se, classicamente como Domingo da alegria ou Domingo laetare, porque assim começa a Antífona de Entrada da Eucaristia de hoje: “ Laetare, Jerusalem ”, ( Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações ), Isaías 66,10 . The Fourth Sunday of Lent, this is known classically as Sunday or Monday laetare of joy, because so begins Entrance Antiphon the Eucharist today, "Laetare, Jerusalem" (Rejoice, O Jerusalem, rejoice, all your friends . Leap for joy, all you who took part in her grief and be able to drink and indulge yourselves in the abundance of her consolations), Isaiah 66.10.
Na antiguidade cristã, este domingo era chamado: Dia das Rosas, os cristãos presenteavam-se com as primeiras rosas da primavera, e no século X, entrou na liturgia deste dia a singular Bênção da Rosa, sendo que em Roma a rosa passou a ser de ouro. In Christian antiquity, this was called Sunday: Day of the Roses, the Christians present themselves with the first roses of spring, and in the tenth century, went into the liturgy of this day the unique blessing of the Rose, and in Rome became the rose gold. O Santo Padre ia à Basílica Estacional de Santa Cruz de Jerusalém, levando na mão uma rosa de ouro, que significava: alegria pela proximidade da Páscoa. The Holy Father went to the Basilica of Santa Cruz Seasonal Jerusalem, in her hand a golden rose, which meant: the proximity of Easter joy. Disto derivou o costume, ainda hoje em vigor, do Sumo Pontífice benzer neste dia uma rosa de ouro ea oferecer a uma pessoa, a uma igreja ou a uma instituição, em sinal de particular atenção. From this derived the custom, still in force today, the Pope's blessing in this day and a Golden Rose to offer a person, a church or an institution, a sign of particular attention
 


+  
 PAX
Celebrando o 4º Domingo da Quaresma, o Evangelho ( Jo 9 , 1-41) apresenta-nos o tema da Luz. Celebrating the 4th Sunday of Lent, the Gospel (Jn 9, 1-41) introduces us to the theme of Light
Jesus unge os olhos do cego de nascença com lama feita a partir da saliva. Jesus anoints the eyes of the blind man with mud made ​​from the saliva. Jesus como que inicia com um rito. That begins with Jesus as a rite. Toca os olhos do cego, concedendo-lhe a visão. He plays the man's eyes, giving him the vision. E, aos poucos no diálogo com ele, vai-lhe despertando a fé. And gradually in dialogue with him, you will awaken the faith. E o cego acaba vendo, à luz da fé, que Jesus é o Filho do Homem. The blind end up seeing the light of faith, that Jesus is the Son of Man. Dá testemunho d'Ele. Testified to him.
A cura do cego descreve o processo da fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão, e desta para a Luz da fé em Cristo. The healing of the blind man describes the process of the faith of a man who goes by the blindness of darkness into the light of vision, and from there to the light of faith in Christ. O “Cego” é um símbolo de todos os homens que renascem pela fé, acolhendo Jesus (no Baptismo) e se deixam conduzir pela Sua palavra. The "Blind" is a symbol of all men who are reborn by faith, accepting Jesus (in Baptism) and are led by His word.
Tudo começa por uma pergunta dos discípulos a Jesus: “ Por que nasceu cego esse homem? ” ” Quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais?( Jo 9 , 2) . Everything begins with a question of the disciples to Jesus: "Why this man was born blind?" "Who sinned that he was born blind man or his parents?" (John 9, 2). Jesus responde: “ Nem ele, nem seus pais pecaram…( Jo 9 , 3) . Jesus replied: "Neither he nor his parents sinned ..." (Jn 9, 3). Com essa resposta, Jesus lembra o que os profetas já combatiam e que era uma crença popular antiga: pensavam que o cego estava a pagar pelos seus pecados ou dos seus antepassados. With this response, Jesus reminds us that the prophets have already fought and who was a former popular belief, thought the blind was paying for their sins or their ancestors. Trata-se de uma crença errada, semelhante ao absurdo da reencarnação. This is a mistaken belief, similar to the nonsense of reincarnation. Esta é uma crença espírita, não é cristã. This is a Spiritualist belief, is not Christian. A Palavra de Deus diz-nos: “ os homens morrem uma só vez, depois vem o juízo( Hb 9 , 27) . The Word of God tells us: "men die once, then comes the Judgement" (Heb 9, 27). A reencarnação é uma injustiça! Reincarnation is an injustice! É negar a obra redentora de Cristo e afirmar que é o próprio homem que se salva, por etapa, cada vez mais que se reencarna . It denies the redemptive work of Christ and say that is the very man who is saved, by stage, increasingly it is reincarnated. É a onda do reciclável, como lixo. It's the wave of recyclable garbage.
Nem ele, nem seus pais pecaram… ”. "Neither he nor his parents sinned ...." Com isso Jesus ensina-nos que os segredos da vida pertencem a Deus! With that Jesus teaches us the secrets of life belong to God! Se confiarmos no Seu amor, se nos abandonarmos nas Suas mãos, a maior dor, o mais inexplicável sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está connosco e nos fortalece. If we trust in His love, if we abandon ourselves in His hands, the greatest pain, the most unspeakable suffering may be comforted by the assurance that God is with us and strengthens us. Se Deus é por nós, quem será contra nós? ” Até na dor e no sofrimento Deus está presente. "If God be for us, who can be against us?" Even in pain and suffering God is present.
O mundo hedonista, consumista e superficial não compreende isso! The world hedonistic, consumerist and shallow does not understand this! O cego é questionado pelas autoridades sobre a origem de Jesus. The blind man is questioned by authorities about the origin of Jesus. E ele mostra-se livre (diz o que pensa…) ; é corajoso (não se intimida) ; é sincero (não renuncia à verdade) ; suporta a violência (é expulso da Sinagoga) . And he shows himself free (say what you think ...) is brave (not afraid) is sincere (not surrendering to truth); supports violence (is expelled from the Synagogue). Antes de se encontrar com Jesus, o cego é um homem prisioneiro das “ trevas ”, dependente e limitado. Before meeting with Jesus, the blind man is a prisoner of "darkness", dependent and limited. Não sabe quem o curou… ”. "I do not know who healed ...." Finalmente, encontrando-se com Jesus, que lhe pergunta: “ Acreditas no Filho do Homem? ”, manifesta a sua adesão total: “ Creio, Senhor ”. Finally, as with Jesus, who asks: "Do you believe in the Son of Man" expresses its full accession, "I believe, Lord." Prostra-se e adora-O. Prostrate themselves and worship Him. O caminho de fé do cego é um itinerário para todo cristão! The path of blind faith is an itinerary for every Christian! São Josemaria Escrivá, em Amigos de Deus, nº 193, diz: “ Que belo exemplo de firmeza na fé nos dá este cego! Saint Josemaria Escriva, in Friends of God, 193, says: "What a beautiful example of steadfastness in the faith that gives us blind! Uma fé viva, operativa. A living faith, operative. É assim que te comportas com os mandatos de Deus, quando muitas vezes estás cego, quando nas preocupações da tua alma se oculta a luz? That's how you behave with the mandates of God, when often you are blind, when the concerns of your soul is hidden from the light? Que poder continha a água, para que os olhos ficassem curados ao serem humedecidos? That can contain water, so that the eyes were cured when they are wet? Teria sido mais adequado um colírio desconhecido, um medicamento precioso preparado no laboratório de um sábio alquimista. It would have been more appropriate to a stranger drops a precious medicine prepared in the laboratory of an alchemist wise. Mas aquele homem crê, põe em prática o que Deus lhe ordena e volta com os olhos cheios de claridade ”. But one man believes, puts into practice what God tells you and come back with eyes full of light. " Nesta Quaresma, somos convidados a viver a experiência catecumenal, renovando as nossas promessas Baptismais, mediante o Sacramento da Penitência. This Lent we are invited to experience catechumenal, renewing our baptismal promises, through the Sacrament of Penance.
Quanto mais buscamos Jesus como Luz, mais a nossa vida terá sentido. The more we seek Jesus as the Light, the more our life is meaningless. O nosso comportamento de cristão deve ser testemunho do Baptismo recebido; devemos testemunhar com as nossas obras o que Cristo é para nós, não apenas luz da mente, mas também luz da vida. The behavior of our Christian witness should be received in Baptism, we must bear witness to our deeds that Christ is for us, not just light the mind, but also light of life. Não são as obras das trevas – o pecado – as que correspondem a um baptizado, mas sim as obras da luz. There are works of darkness - sin - those that match a christening, but the works of light.
Como o cego, após o encontro com Jesus, iluminado, manifestemos a alegria de sermos cristãos! As the blind, after an encounter with Jesus, light, manifest the joy of being Christians! A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. "The joy of the disciple is not a feeling of well being selfish, but certainly one that springs from faith, which soothes the heart and enables him to proclaim the good news of God's love. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-l'O encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas e fazê-l'O conhecido com a nossa palavra e obras será a nossa alegria(DA, 29) . Knowing Jesus is the best gift anyone can receive, have been found Him the best that happened in our lives and make Him known through our words and deeds will be our joy "(CA 29) .
SERVANTS OF CHRIST THE PRIEST.

Domingo laetare. DOMINGO DA ALEGRIA.

Caríssimos irmãos,
O IV Domingo da Quaresma, designa-se, classicamente como Domingo da alegria ou Domingo laetare, porque assim começa a Antífona de Entrada da Eucaristia de hoje: “Laetare, Jerusalem”, (Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações), Isaías 66,10.
Na antiguidade cristã, este domingo era chamado: Dia das Rosas, os cristãos presenteavam-se com as primeiras rosas da primavera, e no século X, entrou na liturgia deste dia a singular Bênção da Rosa, sendo que em Roma a rosa passou a ser de ouro. O Santo Padre ia à Basílica Estacional de Santa Cruz de Jerusalém, levando na mão uma rosa de ouro, que significava: alegria pela proximidade da Páscoa. Disto derivou o costume, ainda hoje em vigor, do Sumo Pontífice benzer neste dia uma rosa de ouro e a oferecer a uma pessoa, a uma igreja ou a uma instituição, em sinal de particular atenção.

 
     Celebrando o 4º Domingo da Quaresma, o Evangelho (Jo 9, 1-41) apresenta-nos o tema da Luz.
     Jesus unge os olhos do cego de nascença com lama feita a partir da saliva. Jesus como que inicia com um rito. Toca os olhos do cego, concedendo-lhe a visão. E, aos poucos no diálogo com ele, vai-lhe despertando a fé. E o cego acaba vendo, à luz da fé, que Jesus é o Filho do Homem. Dá testemunho d'Ele.
     A cura do cego descreve o processo da fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão, e desta para a Luz da fé em Cristo. O “Cego” é um símbolo de todos os homens que renascem pela fé, acolhendo Jesus (no Baptismo) e se deixam conduzir pela Sua palavra.
     Tudo começa por uma pergunta dos discípulos a Jesus: “Por que nasceu cego esse homem?” ”Quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais?(Jo 9, 2). Jesus responde: “Nem ele, nem seus pais pecaram…(Jo 9, 3). Com essa resposta, Jesus lembra o que os profetas já combatiam e que era uma crença popular antiga: pensavam que o cego estava a pagar pelos seus pecados ou dos seus antepassados. Trata-se de uma crença errada, semelhante ao absurdo da reencarnação. Esta é uma crença espírita, não é cristã. A Palavra de Deus diz-nos: “os homens morrem uma só vez, depois vem o juízo(Hb 9, 27). A reencarnação é uma injustiça! É negar a obra redentora de Cristo e afirmar que é o próprio homem que se salva, por etapa, cada vez mais que se reencarna. É a onda do reciclável, como lixo.
     “Nem ele, nem seus pais pecaram…”. Com isso Jesus ensina-nos que os segredos da vida pertencem a Deus! Se confiarmos no Seu amor, se nos abandonarmos nas Suas mãos, a maior dor, o mais inexplicável sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está connosco e nos fortalece. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Até na dor e no sofrimento Deus está presente.
     O mundo hedonista, consumista e superficial não compreende isso! O cego é questionado pelas autoridades sobre a origem de Jesus. E ele mostra-se livre (diz o que pensa…); é corajoso (não se intimida); é sincero (não renuncia à verdade); suporta a violência (é expulso da Sinagoga). Antes de se encontrar com Jesus, o cego é um homem prisioneiro das “trevas”, dependente e limitado. “Não sabe quem o curou…”. Finalmente, encontrando-se com Jesus, que lhe pergunta: “Acreditas no Filho do Homem?”, manifesta a sua adesão total: “Creio, Senhor”. Prostra-se e adora-O. O caminho de fé do cego é um itinerário para todo cristão! São Josemaria Escrivá, em Amigos de Deus, nº 193, diz: “Que belo exemplo de firmeza na fé nos dá este cego! Uma fé viva, operativa. É assim que te comportas com os mandatos de Deus, quando muitas vezes estás cego, quando nas preocupações da tua alma se oculta a luz? Que poder continha a água, para que os olhos ficassem curados ao serem humedecidos? Teria sido mais adequado um colírio desconhecido, um medicamento precioso preparado no laboratório de um sábio alquimista. Mas aquele homem crê, põe em prática o que Deus lhe ordena e volta com os olhos cheios de claridade”. Nesta Quaresma, somos convidados a viver a experiência catecumenal, renovando as nossas promessas Baptismais, mediante o Sacramento da Penitência.
     Quanto mais buscamos Jesus como Luz, mais a nossa vida terá sentido. O nosso comportamento de cristão deve ser testemunho do Baptismo recebido; devemos testemunhar com as nossas obras o que Cristo é para nós, não apenas luz da mente, mas também luz da vida. Não são as obras das trevas – o pecado – as que correspondem a um baptizado, mas sim as obras da luz.
     Como o cego, após o encontro com Jesus, iluminado, manifestemos a alegria de sermos cristãos! “A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-l'O encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas e fazê-l'O conhecido com a nossa palavra e obras será a nossa alegria(DA, 29).
SERVOS DE CRISTO SACERDOTE.