Como uma torrente que passa, furiosa e veloz

Escrito por Pe. Henrique
Quem não se entristeceu, quem não ficou tristemente pasmo ante as imagens tremendas chegadas do Japão? Casas, carros, barcos, tantos objetos, tantos frutos de anos de esforços e trabalhos, tudo passando, tudo sendo levado, destruído... E, pior ainda, quantas e quantas vidas humanas, ceifadas de modo tão abrupto, tão tremendo!
Tragédias assim, tantas vezes ocorridas na história, desde que o mundo é mundo, nos fazem perguntar por Deus: onde está ele, onde, sua providência? Por que permite? Por que as forças da natureza são tão tremendas e tão ameaçadoras?
Muitas perguntas, que requerem, sem dúvida, tantas reflexões...
Por agora, o que me vem muito forte é o quanto a Escritura nos repete o tempo todo: a vida é fugaz, o homem é pó que o vento leva, o destino humano é tão incerto, a ponto de Jeremias Profeta afirmar, quase num gemido: “Eu sei, Senhor, que não pertence ao homem o seu caminho, que não é dado ao homem que caminha dirigir os seus passos!” (Jr 10,23).
Passamos, todos nós, como a erva que murcha. Quase nunca nos damos conta dessa realidade; quase sempre vivemos como se fôssemos viver para sempre; quase sempre esquecemos que aqui estamos de passagem e que nossa vida é como um dia que passou...
Diante da dor dos japoneses – dor vivida com exemplar dignidade e senso de disciplina – só nos restam o silêncio respeitoso, a solidariedade e a oração. Mas, numa ocasião como esta, também é preciso recordar o quanto somos pequenos, frágeis, passageiros...
Senhor, tem piedade de nós! Ampara-nos no teu amor; consola-nos no meio da dor, do desalento, da perplexidade! Ajuda-nos a olhar para ti, a nunca esquecer que és amor e misericórdia. Aos mortos, acolhe no teu regaço; aos vivos, renova a esperança; em todos nós fortalece a confiança de que és amor e providência, mesmo entre as espessas nuvens que cercam muitas vezes a nossa existência.

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