sábado, 2 de abril de 2011

Domingo laetare. DOMINGO DA ALEGRIA.

Caríssimos irmãos,
O IV Domingo da Quaresma, designa-se, classicamente como Domingo da alegria ou Domingo laetare, porque assim começa a Antífona de Entrada da Eucaristia de hoje: “Laetare, Jerusalem”, (Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria, todos vós que participastes no seu luto e podereis beber e saciar-vos na abundância das suas consolações), Isaías 66,10.
Na antiguidade cristã, este domingo era chamado: Dia das Rosas, os cristãos presenteavam-se com as primeiras rosas da primavera, e no século X, entrou na liturgia deste dia a singular Bênção da Rosa, sendo que em Roma a rosa passou a ser de ouro. O Santo Padre ia à Basílica Estacional de Santa Cruz de Jerusalém, levando na mão uma rosa de ouro, que significava: alegria pela proximidade da Páscoa. Disto derivou o costume, ainda hoje em vigor, do Sumo Pontífice benzer neste dia uma rosa de ouro e a oferecer a uma pessoa, a uma igreja ou a uma instituição, em sinal de particular atenção.

 
     Celebrando o 4º Domingo da Quaresma, o Evangelho (Jo 9, 1-41) apresenta-nos o tema da Luz.
     Jesus unge os olhos do cego de nascença com lama feita a partir da saliva. Jesus como que inicia com um rito. Toca os olhos do cego, concedendo-lhe a visão. E, aos poucos no diálogo com ele, vai-lhe despertando a fé. E o cego acaba vendo, à luz da fé, que Jesus é o Filho do Homem. Dá testemunho d'Ele.
     A cura do cego descreve o processo da fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão, e desta para a Luz da fé em Cristo. O “Cego” é um símbolo de todos os homens que renascem pela fé, acolhendo Jesus (no Baptismo) e se deixam conduzir pela Sua palavra.
     Tudo começa por uma pergunta dos discípulos a Jesus: “Por que nasceu cego esse homem?” ”Quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais?(Jo 9, 2). Jesus responde: “Nem ele, nem seus pais pecaram…(Jo 9, 3). Com essa resposta, Jesus lembra o que os profetas já combatiam e que era uma crença popular antiga: pensavam que o cego estava a pagar pelos seus pecados ou dos seus antepassados. Trata-se de uma crença errada, semelhante ao absurdo da reencarnação. Esta é uma crença espírita, não é cristã. A Palavra de Deus diz-nos: “os homens morrem uma só vez, depois vem o juízo(Hb 9, 27). A reencarnação é uma injustiça! É negar a obra redentora de Cristo e afirmar que é o próprio homem que se salva, por etapa, cada vez mais que se reencarna. É a onda do reciclável, como lixo.
     “Nem ele, nem seus pais pecaram…”. Com isso Jesus ensina-nos que os segredos da vida pertencem a Deus! Se confiarmos no Seu amor, se nos abandonarmos nas Suas mãos, a maior dor, o mais inexplicável sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está connosco e nos fortalece. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Até na dor e no sofrimento Deus está presente.
     O mundo hedonista, consumista e superficial não compreende isso! O cego é questionado pelas autoridades sobre a origem de Jesus. E ele mostra-se livre (diz o que pensa…); é corajoso (não se intimida); é sincero (não renuncia à verdade); suporta a violência (é expulso da Sinagoga). Antes de se encontrar com Jesus, o cego é um homem prisioneiro das “trevas”, dependente e limitado. “Não sabe quem o curou…”. Finalmente, encontrando-se com Jesus, que lhe pergunta: “Acreditas no Filho do Homem?”, manifesta a sua adesão total: “Creio, Senhor”. Prostra-se e adora-O. O caminho de fé do cego é um itinerário para todo cristão! São Josemaria Escrivá, em Amigos de Deus, nº 193, diz: “Que belo exemplo de firmeza na fé nos dá este cego! Uma fé viva, operativa. É assim que te comportas com os mandatos de Deus, quando muitas vezes estás cego, quando nas preocupações da tua alma se oculta a luz? Que poder continha a água, para que os olhos ficassem curados ao serem humedecidos? Teria sido mais adequado um colírio desconhecido, um medicamento precioso preparado no laboratório de um sábio alquimista. Mas aquele homem crê, põe em prática o que Deus lhe ordena e volta com os olhos cheios de claridade”. Nesta Quaresma, somos convidados a viver a experiência catecumenal, renovando as nossas promessas Baptismais, mediante o Sacramento da Penitência.
     Quanto mais buscamos Jesus como Luz, mais a nossa vida terá sentido. O nosso comportamento de cristão deve ser testemunho do Baptismo recebido; devemos testemunhar com as nossas obras o que Cristo é para nós, não apenas luz da mente, mas também luz da vida. Não são as obras das trevas – o pecado – as que correspondem a um baptizado, mas sim as obras da luz.
     Como o cego, após o encontro com Jesus, iluminado, manifestemos a alegria de sermos cristãos! “A alegria do discípulo não é um sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-l'O encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas e fazê-l'O conhecido com a nossa palavra e obras será a nossa alegria(DA, 29).
SERVOS DE CRISTO SACERDOTE.

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