domingo, 20 de março de 2011

Como uma torrente que passa, furiosa e veloz

Como uma torrente que passa, furiosa e veloz



Quem não se entristeceu, quem não ficou tristemente pasmo ante as imagens tremendas chegadas do Japão? Casas, carros, barcos, tantos objetos, tantos frutos de anos de esforços e trabalhos, tudo passando, tudo sendo levado, destruído... E, pior ainda, quantas e quantas vidas humanas, ceifadas de modo tão abrupto, tão tremendo!
Tragédias assim, tantas vezes ocorridas na história, desde que o mundo é mundo, nos fazem perguntar por Deus: onde está ele, onde, sua providência? Por que permite? Por que as forças da natureza são tão tremendas e tão ameaçadoras?
Muitas perguntas, que requerem, sem dúvida, tantas reflexões...
Por agora, o que me vem muito forte é o quanto a Escritura nos repete o tempo todo: a vida é fugaz, o homem é pó que o vento leva, o destino humano é tão incerto, a ponto de Jeremias Profeta afirmar, quase num gemido: “Eu sei, Senhor, que não pertence ao homem o seu caminho, que não é dado ao homem que caminha dirigir os seus passos!” (Jr 10,23).
Passamos, todos nós, como a erva que murcha. Quase nunca nos damos conta dessa realidade; quase sempre vivemos como se fôssemos viver para sempre; quase sempre esquecemos que aqui estamos de passagem e que nossa vida é como um dia que passou...
Diante da dor dos japoneses – dor vivida com exemplar dignidade e senso de disciplina – só nos restam o silêncio respeitoso, a solidariedade e a oração. Mas, numa ocasião como esta, também é preciso recordar o quanto somos pequenos, frágeis, passageiros...
Senhor, tem piedade de nós! Ampara-nos no teu amor; consola-nos no meio da dor, do desalento, da perplexidade! Ajuda-nos a olhar para ti, a nunca esquecer que és amor e misericórdia. Aos mortos, acolhe no teu regaço; aos vivos, renova a esperança; em todos nós fortalece a confiança de que és amor e providência, mesmo entre as espessas nuvens que cercam muitas vezes a nossa existência.
 

 
 Escrito por Pe. Henrique


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